>

Neuroplasticidade e Novos Modelos Mentais
Neuroplasticidade e Novos Modelos Mentais

A importância de buscar novos caminhos e ampliar as lentes para resolver antigos problemas e gerar novas conexões

Antigamente, acreditava-se que, depois de atingir a idade adulta, o cérebro simplesmente parava de se desenvolver e, a partir desse momento, o comportamento mental de uma pessoa se tornaria mais rígido e limitado. Aliás, você já deve ter escutado por aí que a melhor idade para aprender é na infância e adolescência ou também que depois de velho não se muda mais.

A neuroplasticidade foi uma descoberta científica que rebate esse ponto e mostra que sim, as células de um cérebro adulto são capazes de se regenerarem, mesmo após traumas e danos. Com o avanço dos estudos sobre a plasticidade neural, sua aplicação tem sido utilizada em tratamentos de doenças neurodegenerativas e em pacientes que lidam com distúrbios psicológicos causados através de eventos traumáticos. 

E o conceito não é aplicado apenas em casos clínicos. A neuroplasticidade permite que cérebros adultos sejam capazes de absorver novas informações e de desenvolver intelectualmente.

De acordo com a neuroeconomista Renata Taveiros de Saboia, “Os adultos têm sim o poder de transformar seus cérebros. A partir da neuroplasticidade ampliamos as conexões neurais dando mais espaço para o novo”.

Mas o que isso tem a ver com padrões de comportamento no ambiente profissional?

Você já se pegou ou viu sua equipe em uma situação onde sentia que as ideias eram limitadas e os problemas difíceis de serem resolvidos? Ou até mesmo vê resistência para a implementação de um ambiente com pensamento voltado à inovação? Muito disso pode ser causado por uma limitação intelectual ou criativa. Se o cérebro pode se regenerar e aprender novas habilidades, também entendemos que é possível mudar antigos hábitos e conceitos dentro de corporações, mesmo as que possuem processos e culturas mais rígidas ou equipes sem flexibilidade.

Renata conta que a neuroplasticidade é presente apenas em adultos e, com ela, o cérebro é capaz de gerar novos neurônios ou ampliar as conexões neurais, que criam novos circuitos e portanto um espaço maior para receber novas informações, porém, que é preciso treinar para que essas mudanças aconteçam: “O que precisamos é treinar e experimentar novas possibilidades de aprendizagem, abrindo mais espaço em nosso cérebro para isso”.

A mudança de comportamento deve ser uma construção diária na vida pessoal e profissional

Quais são os problemas que existem hoje na sua empresa? Como eles são olhados? Quem são as pessoas responsáveis por solucioná-los e quais métodos utilizam para isso?

Não é raro identificar corporações de diferentes portes que enfrentam dificuldades em resolver questões micro e macro justamente por terem um olhar viciado para essas questões. Sobre essa resistência, Renata complementa: “Temos um modelo de funcionamento do mundo e esse modelo é representado em conexões neurais, e que se repetem, é como se seguíssemos sempre o mesmo caminho,as informações percorrem o mesmo caminho dentro do nosso cérebro, e é por isso que a mudança é difícil. 

A resistência traz o componente da dúvida, da incerteza, porque quando estamos em um lugar, mesmo que ruim, é o que você conhece, o novo não, ele é desconhecido e traz medo, que é uma emoção muito preponderante no processo de tomada de decisão humana, queremos sempre evitar qualquer tipo de risco.”

Quando falamos de quebras de padrões e mudanças de comportamento, é importante analisar quais são os fatores que fazem com que um grupo de pessoas ou ambiente se tornem resistentes ou inflexíveis ao novo ou para que tenham dificuldade em absorverem novos aprendizados e se sintam desconfortáveis para tomarem novos rumos.

E uma maneira de exercitar novos modelos de pensamento e comportamentos é criar novos hábitos que exercitam o cérebro o faça ter novas conexões neurais e que o torne mais apto a enxergar as mesmas situações em diferentes perspectivas. Para isso, é necessário criar hábitos cotidianos que estimulem esse exercício: “Quando a gente vai mudando as coisas aos poucos, a gente traz um fator para reforçar esse processo, que é o sistema de recompensas. Quando temos uma recompensa imediata e mais curta, temos uma liberação mais rápida de dopamina no sistema, que por sua vez, vai despertar o desejo por recompensa por esse comportamento.

Elas contam com o sistema de recompensa, as mudanças radicais não evidenciam essas recompensas, e por isso são mais difíceis de serem percebidas”, diz Renata.

Modelos mentais e o impacto em como resolvemos questões

De acordo com Thomas Oppong: “modelos mentais são ferramentas, idéias, princípios e percepções que usamos consistentemente para tomar melhores decisões ou para entender a vida“. Podemos entendê-los como a lente com a qual você enxerga as coisas e, a partir daí, toma decisões sobre diferentes aspectos de sua vida. O conjunto de experiências, ferramentas e direcionamentos que você tem acabam guiando suas decisões e ações e o seu modelo mental é a maneira que você entende como as coisas funcionam baseado nesse conjunto. Existem diferentes modelos mentais e é importante entender qual é o seu e se ele está te ajudando a ser uma pessoa que tem abertura e potencial de crescimento intelectual para enxergar novas frentes e ter visões voltadas ao crescimento ou se você acaba se colocando em uma posição mais rígida e resistente, o que pode impactar negativamente na sua jornada profissional e até mesmo no seu convívio com a equipe que trabalha.

Quer saber qual é seu modelo mental? Sugerimos esse teste que te ajuda a entender qual é o seu mindset: https://positivepsychology.com/wp-content/uploads/The-Mindset-Survey.pdf

Como estimular a mudança de mindset

Assim como um cérebro adulto é capaz de se desenvolver e aprender coisas novas, ele também pode evoluir o seu mindset e te ajudar a ter um pensamento menos rígido e mais voltado para soluções e inovações. Renata nos explica: “nossos comportamentos habituais deixam marcas em nosso sistema neural, é como se nosso cérebro reconhecesse tais caminhos e o marcassem, por isso a mudança é tão difícil, o novo e desconhecido é acompanhado de medo e insegurança, emoções preponderantes nos processos de tomada de decisão humana. Nas organizações, é essencial criar um ambiente de segurança para promover essa mudança de mindset, as pessoas precisam sentir-se confortáveis para experimentar algo novo”. 

Algumas dicas práticas para sermos mais criativos no dia a dia: 

  • Medite! Nossas mentes precisam aquietar para podermos acessar nosso cérebro como um todo, despertando a criatividade.
  • Brinque e divirta-se! Não limite-se apenas às ideias que são mais convencionais, por isso, brinque, permita-se explorar, divirta-se, isso vai ajudar o seu subconsciente a jogar ao seu favor.
  • Determine restrições! Elas nos forçam a sermos mais criativos, pois nos ajudam a pensar em caminhos alternativos para a questão que estamos buscando uma solução.

Aqui na Ambidestra, desenvolvemos o Mindset Lab que tem como objetivo desafiar modelos mentais e trazer mudanças efetivas através de frameworks práticos usados com as equipes no dia a dia para destravar: inovação, criatividade, soluções novas para problemas antigos e ampliação da visão sistêmica. Tudo isso é muito fundamental para as organizações que estão precisando surfar de forma diferente em novas ondas da transformação digital.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *