Mudar uma organização não é uma tarefa fácil, sua história e cultura representam grande impacto nesse processo. Em uma organização ambidestra, o exercício diário de incentivo à inovação, sem deixar de cuidar do core business é desafiador, e pensar na estrutura e governança adequadas à esse formato exigem cuidado e desafios o tempo todo.
No podcast Ambidestra conversamos sobre esse tema com Ciça Varanda, Innovation Manager na Unilever, e uma profissional curiosa, que ao longo de sua jornada profissional, foi se redescobrindo e permitindo experimentar o novo. Ela é líder da “Garagem Unilever”, um hub que impulsiona a transformação cultural e digital da Unilever Brasil, e em nosso papo ela contou um pouco sobre a importância de equilibrar os cuidados com estratégia olhando para futuro, se mantendo atenta também às necessidades do negócio e de suas equipes.
Aqui os melhores momentos dessa conversa:
A inovação vai além da tecnologia: começa nas pessoas
Apesar de vir de uma área bastante técnica, Supply Chain, Ciça sempre acreditou ser importante conectar criatividade em seu dia a dia, e desta forma, trazer possibilidades inovadoras não apenas para a sua área, mas para muitas outras da cia.
A historia da Garagem Unilever, segundo Ciça, é diferente de muitas historias que ouvimos por aí sobre construções de hubs de inovação nas empresas. Aproveitando momento de mudança de sede da Unilever, em parceria com time de Tecnologia, a ideia era de construir um laboratório focado em novas tecnologias para a área de Supply Chain, no entanto, em pouco tempo, houve uma mobilização maior de pessoas da organização, e rapidamente foi notado um potencial muito maior ao espaço, Ciça relembra:
“Não era só sobre tecnologia, eram pessoas. Precisa cuidar de quem vai operar essa tecnologia. Começamos a trabalhar nesse conceito para que as pessoas estivessem lá para compartilhar, para ser um espaço criativo, colaborativo e aberto à experimentação”.
Ao conectar times de diferentes áreas para trocas, notaram que muitas dores eram similares, o grande ponto é que eram tratadas apenas dentro de suas “caixinhas”, e ao expandir perceberam que as soluções poderiam ser construídas à muitas mãos, utilizando inteligência coletiva.
A inovação é essencial, mas precisa estar integrada a estratégia
“A inovação está no DNA da Unilever”, afirma Ciça, e isso sem dúvida foi um grande facilitador para testar novas frentes como o Garagem.
No entanto, foi-se notando que cada área pensava inovação de uma forma diferente, e seria necessário trazer à Garagem um papel de escuta ativa, compreendendo dores, ouvindo sugestões e cuidando para que o olhar para estratégia e negócio não se perdessem. Estar junto das áreas no nascimento de suas ideias também foi importante na construção dessa cultura inovadora, fortalecendo e direcionando desde o início, de forma ágil e direcionada.
Pensando fora da caixa: o negócio além de seus produtos core
Quando falamos sobre inovação, é comum que o primeiro pensamento seja voltado à produtos/serviços de uma empresa. No caso da Unilever, eles entenderam que dava para expandir o negócio e atender o consumidor indo além dos produtos de suas marcas.
Ciça traz como um dos exemplos de inovação, a “Lavanderia Omo” (alias, um case que amamos <3). Ao entender essa dor do consumidor, eles pensaram em uma solução criativa que reforçava a presença da marca e também atendesse uma necessidade do público estudado. Neste projeto trouxeram Lavanderias compartilhadas em prédios e condomínios com pouco espaço para cuidar de suas roupas.
Outro exemplo são as hamburguerias Hellmann’s, que através de estudos entenderam que o público não buscava mais apenas por alimentação, mas queriam viver uma experiência. A oportunidade identificada foi de trazer a experiência de uma hamburgueria aproximando ainda mais os consumidores de Hellmann´s para desfrutar de um cardápio cuidado e pensado para combinar com a queridinha maionese. Uma operação 100% digital e alinhada com as tendências do mercado alimentício.
Iniciativas e processos que ajudam na ambidestria
Primeiro, construir espaços para se debater não só questões do core business mas também questões que impactam o médio a longo prazo, numa agenda de qualidade e com foco.
“O grande desafio é como encontrar esse equilíbrio entre o que é o core business, que precisa ser trabalhado e renovado sempre, e ter esses espaços de qualidade para discutir o novo.”
Segundo, vencer as resistências internas e ser resiliente, mesmo recebendo “nãos”. E nesse ponto ela reforça o quão importante é o papel da liderança, que precisa acreditar na inovação de forma genuína e ser corajosa para fazer “o novo” ter foco e relevância.
Terceiro, é importante olhar o que outras empresas fazem, mas entender que cada organização tem sua cultura, seus produtos e seu relacionamento com o consumidor e levar tudo isso em conta é importante para desenhar o seu próprio caminho estratégico para inovação.
Quer ouvir o episódio na íntegra e conferir mais dicas e insights da Ciça para uma empresa com mais ambidestria? Basta clicar aqui.
Até a próxima
Didi e Lili