Já reparou que mudar dói? Tenta relembrar de algum momento pessoal ou profissional em que a mudança se fez presente na sua vida. Sentimentos como stress e ansiedade podem surgir, não é mesmo?
Segundo a PhD Britt Andreatta, autoridade internacionalmente reconhecida e autora do livro Programado para Resistir, isso acontece pois somos biologicamente preparados para resistir às mudanças, o cérebro humano é projetado para buscar segurança e previsibilidade, e mudanças podem ser percebidas como ameaças.
Em nosso episódio 52 do Podcast Ambidestra, recebemos Ana Carolina Souza, que é neurocientista, com especialização em emoção e regulação da emoção, e atua apoiando organizações para garantir que a gestão de mudança seja efetiva, trazendo à luz um olhar para a biologia humana e as emoções.
A BIOLOGIA DA MUDANÇA
Olhar para a biologia humana é crucial nos processos de mudanças organizacionais porque nosso comportamento, emoções e capacidade de adaptação estão profundamente enraizados em nossa biologia.
Ana afirma que não adianta as organizações cobrarem performance de times adoecidos mentalmente. Um time adoecido não produz, não tem novas ideias, não têm concentração. Portanto, ignorar as emoções envolvidas em um processo de mudança organizacional é como ter quase a plena certeza de seu insucesso.
“Sem um estado emocional equilibrado, é impossível um time alcançar resultados.”- Ana Carolina Souza
A biologia humana, incluindo a neurociência, nos fornece insights sobre como nosso cérebro e corpo respondem às mudanças. E por que é tão importante compreender fatores biológicos?
→ Entendimento do Comportamento Humano
Compreender como o cérebro funciona pode ajudar a identificar as resistências naturais às mudanças e encontrar maneiras eficazes de superá-las.
→ Respostas ao Estresse
Conhecer as respostas biológicas ao estresse ajuda a desenvolver estratégias para gerenciar e minimizar o impacto negativo sobre os colaboradores.
→ Motivação e Engajamento
Recompensas e reconhecimento, que estimulam a liberação de dopamina, podem ser utilizados de forma estratégica.
→ Adaptabilidade
A capacidade de adaptação está ligada a processos biológicos como a neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de se reorganizar e formar novas conexões. Conhecer esses processos pode ajudar a desenvolver programas de treinamento e desenvolvimento que facilitam a adaptação dos funcionários às novas realidades.
→ Relações Interpessoais
Aspectos como a empatia, a comunicação e a colaboração podem ser melhor compreendidos e melhorados com base em conhecimentos biológicos.
CONSCIENTIZANDO OS VIESES
Nossa mente está repleta de vieses inconscientes que moldam nossas decisões e comportamentos, muitas vezes sem que percebamos.
Segundo Ana, reconhecer esses vieses é o primeiro passo para enfrentá-los e criar estratégias mais eficazes para a mudança, ela cita vieses bastante comuns dentro dos processos de mudança. São eles:
Aversão à Perda
É a tendência de preferir evitar perdas a adquirir ganhos equivalentes. Esse viés faz com que resistamos às mudanças por medo de perder algo que valorizamos, mesmo que a mudança possa trazer benefícios significativos.
Status Quo
É a tendência de manter as coisas como estão, em vez de arriscar mudanças. Esse viés nos faz subestimar os benefícios de novas oportunidades e superestimar os custos da mudança.
Efeito de Possessão
Nos leva a valorizar mais aquilo que possuímos ou criamos, acreditando que é melhor do que algo novo. Esse viés pode dificultar a aceitação de novas ideias ou processos, já que tendemos a nos apegar ao que já conhecemos.
🧠Dicas Práticas para driblar esses vieses inconscientes
Crie um Ambiente de Feedback:
- Incentive uma cultura de feedback aberto e honesto. Isso ajuda a identificar quando os vieses estão influenciando as decisões e permite corrigir o curso.
Diversifique as Perspectivas:
- Envolva pessoas de diferentes áreas e com variadas experiências na tomada de decisões. A diversidade de perspectivas pode ajudar a mitigar os vieses e promover soluções mais equilibradas.
Use Dados e Evidências:
- Baseie as decisões em dados e evidências concretas. Isso pode ajudar a contrapor a influência dos vieses emocionais e subjetivos.
Experimente Pequenas Mudanças:
- Em vez de implementar grandes mudanças de uma vez, experimente fazer pequenas alterações incrementais. Isso pode ajudar a reduzir a resistência e permitir ajustes conforme necessário.
Fomente a Empatia:
- Compreender as preocupações e sentimentos dos outros pode ajudar a criar estratégias de mudança mais eficazes e inclusivas.
Desafie o Status Quo:
- Incentive uma mentalidade de questionamento constante do status quo. Pergunte “por que não?” em vez de “por que mudar?” para abrir espaço para novas possibilidades.
Entender e integrar as emoções e a biologia humana nos processos de mudança organizacional não só facilita a adaptação, mas também promove um ambiente de trabalho mais saudável e resiliente. Isso permite que as organizações naveguem pelas transformações com maior eficiência e sucesso.
Não deixe de conferir o episódio na íntegra, está imperdível ! Dá o play aqui
Até a próxima,
Lili e Didi