A mudança é a única constante. Mas por que algumas empresas surfam nessa onda de transformações com mais facilidade, enquanto outras afundam? Imagine que a empresa é como uma mente brilhante, com um Quociente de Inteligência (QI) altíssimo, pronta para resolver problemas complexos e inovar constantemente. Então vamos mergulhar no conceito de organizações que aprendem e entender a inteligência por trás delas.
Muitos processos de gestão de mudanças fracassam por não levarem em consideração que, antes que as pessoas e as empresas possam melhorar, primeiro elas devem aprender. E, para aprender, não basta apenas fazer cursos ou treinamentos; quando todos na organização entendem a importância do desenvolvimento individual e coletivo, a adaptação se torna mais natural e eficiente. Uma organização que aprende entra em flow, saindo das zonas de acomodação ou de angústia e alinhando suas competências internas aos desafios de mercado.
Mas por que é tão difícil mudar?
Britt Andreatta, especialista em neurociência, liderança e aprendizagem e autora do livro “Programado para Resistir”, explica que somos biologicamente construídos para resistir a mudanças. O cérebro humano busca segurança e previsibilidade; mudanças são percebidas como ameaças, gerando estresse e resistência. Segundo dados de pesquisa da McKinsey, o comportamento das pessoas leva 70% das transformações organizacionais a falharem. No entanto, com uma gestão de mudanças que leve em consideração estes aspectos humanos, é possível transformar esta realidade.
Ativando a Inteligência Organizacional
Peter Senge, professor do MIT e autor do livro “A Quinta Disciplina”, propõe que uma organização que aprende é como um indivíduo com alto QI, capaz de se adaptar e evoluir constantemente. Ele identificou cinco disciplinas essenciais que alimentam o ciclo de aprendizado dinâmico:
1. Domínio ou “Maestria” Pessoal: Assim como indivíduos com alto QI buscam continuamente o aperfeiçoamento, organizações devem incentivar seus colaboradores a perseguirem seus objetivos pessoais e profissionais, criando um ambiente de desenvolvimento constante. Boas práticas incluem:
– Estimular o autoconhecimento por meio de avaliações de perfil e habilidades, ajudando os colaboradores a entenderem suas forças e áreas de melhoria.
– Incentivar a prática regular de reflexão, aumentando a autoconsciência, por meio de sessões de coaching ou mentoria.
– Oferecer oportunidades para participação em projetos desafiadores, permitindo aos colaboradores desenvolver novas habilidades e incentivando a participação em projetos comunitários e colaborativos.
2. Modelos Mentais: Todos temos crenças e suposições que moldam nossas ações. Em uma organização que aprende, é crucial desafiar e revisar esses modelos mentais para se adaptar a novas realidades. Práticas como:
– Mentoria reversa, onde profissionais mais jovens atuam como mentores para colegas mais experientes, promovendo troca de conhecimentos e inovação.
– Explorar exposições de arte e outros repertórios diversos, desafiando vieses e modelos pré-existentes.
3. Visão Compartilhada: Um QI alto não significa muito se não houver uma direção clara. Da mesma forma, uma organização deve ter uma visão compartilhada que motive e alinhe todos os membros em direção aos mesmos objetivos.
4. Aprendizagem em Equipe: A inteligência coletiva é maior do que a soma das inteligências individuais. Promover a aprendizagem em equipe permite que a organização resolva problemas complexos de maneira colaborativa e inovadora. Exemplos:
– O projeto “Hack Week” do Spotify, onde os times de desenvolvimento se abrem para ouvir ideias de outros colaboradores, buscando melhorias ou novas funcionalidades. Um exemplo de sucesso é a funcionalidade “Descobertas da Semana”.
– O Workplace learning, do iFood, direciona a verba em educação individualmente para cada colaborador, acreditando que a resiliência proporcionada pela educação continuada vale mais do que conhecimento específico de uma técnica de trabalho.
5. Pensamento Sistêmico: Esta é a disciplina que integra todas as outras. É a capacidade de ver a organização como um todo interconectado, assim como um gênio que vê além das partes separadas de um problema e entende como elas se relacionam.
A capacidade de aprender e se adaptar rapidamente é fundamental para o sucesso organizacional. Ao integrar práticas que promovam a inteligência organizacional e a capacidade de aprender continuamente, as empresas podem criar ambientes mais resilientes e inovadores. Vale destacar a importância de desenvolver uma cultura organizacional que valorize tanto a exploração de novas oportunidades quanto a eficiência nos processos existentes. Essa abordagem ambidestra permite que as empresas não apenas sobrevivam, mas prosperem em tempos de mudança constante.
Temos um framework poderoso para transformar a organização em uma mente brilhante e flexível. Um processo de gestão de mudanças com uma abordagem humana e com uma maior compreensão dos aspectos biológicos e neurocientíficos pode facilitar essa transformação, criando um ambiente de trabalho resiliente e inovador!
Que tal começar a cultivar essa inteligência organizacional hoje mesmo?
Até a próxima,
Lili e Didi