Liderança visionária e cultura de inovação são essenciais para capturar os benefícios desta era e enfrentar os desafios da “Geração de Transição”.
Por Lilian Cruz e Andrea Dietrich para a Revista HSM Management | Junho 2024
Estamos testemunhando a Era da Transformação, onde todas as facetas da vida, desde a forma como vivemos até como trabalhamos e interagimos, estão passando por mudanças significativas.
As grandes mudanças geralmente surgem a partir de grandes crises: em 2022 o dicionário Collins escolheu ‘Permacrise’, que significa, um período extenso de instabilidade e insegurança, como a palavra do ano. Diante de tudo o que vivemos não poderia ser diferente, e saber lidar com esse cenário é a única certeza que temos.
Porém o ser humano segue uma lógica linear de evolução enquanto as tecnologias vão para uma lógica exponencial. Lidar com esse paradoxo não é fácil para ninguém.
Em 2024, entramos em um Superciclo Tecnológico, identificado pela futurista Amy Webb. Este período contemporâneo é impulsionado por três forças tecnológicas simultâneas: Inteligência Artificial, Ecossistemas Conectados das Coisas e Biotecnologia.
Estas inovações estão no centro de uma transformação sem precedentes, comparável apenas a outros momentos cruciais da história, como o surgimento da energia elétrica e a criação da internet.
Lembram-se da mudança de paradigmas que a internet provocou em nossas vidas? Pois é, estamos no meio dessa onda e somos a chamada “Geração de Transição”, e isso representa sim uma enorme oportunidade.
Para que seja possível capturar os grandes benefícios deste processo, o mundo corporativo precisa encontrar novos caminhos para se adaptar aos modelos desta nova era, onde as bases são outras.
E não estamos falando de inovação em produtos e serviços, onde vemos uma agenda intensa de descobertas, estamos falando de revisitar como fazemos negócios e isso implica nos modelos de gestão e liderança, algo muito mais profundo e fundamental.
Segundo estudo conduzido pelo IDC e Accenture, dentre as 200 empresas pesquisadas de diversos setores, 55% afirmaram ter alguma iniciativa em “Business Agility” em toda a organização, mas apenas 34% dos entrevistados indicaram claramente uma mudança estratégica na forma de operar, impactando eixos essenciais que permitem a inovação como por exemplo menos rigidez e burocracia.
Mas como desenvolver uma cultura aberta à inovação? Processos engessados e burocráticos precisam dar espaço à flexibilidade e à valorização do aprendizado, como por exemplo criar células de times que aprendem e evoluem continuamente.
Líderes visionários devem adotar uma abordagem horizontal de competências, atuando como verdadeiros facilitadores abandonando hierarquias verticais de autoridade e estimulando a colaboração e a autogestão. E se, por um um lado, as empresas precisam ajustar constantemente seus processos e operações para ter maior alinhamento com a estratégia, cultura e processos, visando resultados de curto prazo, por outro, precisam buscar a inovação, muitas vezes desconstruindo modelos para se adaptarem às mudanças. Um desafio para a ambidestria!
E é justamente a ambidestria que faz parte dos comportamentos que formam a base da cultura do iFood. Uma das estratégias que impulsionam essa capacidade de mudar rápido é o modelo de jetskis, onde equipes multidisciplinares e compostas por poucos membros, com alguns comportamentos específicos como coragem e espírito desbravador, têm a autonomia necessária para tomar decisões rápidas e iterar sobre suas ideias sem a necessidade de aprovações extensas.
A ideia é botar para rodar sem medo, testar hipóteses, coletar feedback e trazer ajustes necessários de maneira ágil. As ideias bem-sucedidas são escaladas e incorporadas à operação principal.
Na Intel, outro exemplo, a jornada de transformação ocorreu durante a pandemia, quando o mercado de tecnologia passou por mudanças significativas e aceleradas e era essencial ser ainda mais inovador e adaptável.
A transformação começou com uma revisão da cultura organizacional, repensando estratégias para ambidestria e formas de trabalhar e se relacionar com equipes internas e clientes. Incorporou-se um modelo de gestão mais ágil e flexível, integrado a essa nova cultura e passou-se a valorizar novos comportamentos dos times, mais voltados para experimentação e aprendizagem. Uma verdadeira transformação sistêmica.
A mudança é a única constante, e a nossa geração, “Geração de Transição”, exige uma Geração de Transformadores. Líderes e organizações que aprendem continuamente e que possuem coragem para abandonar velhos paradigmas e abraçar o novo. Aqueles que se abrem a diversas fontes de inspiração e de possibilidades, e que conseguem deixar o futuro, tão incerto e volátil, emergir.
Você ainda acredita que já estamos neste processo de transição ou isso é apenas uma tendência, algo distante do dia a dia da maioria das empresas?
Nós acreditamos que o futuro pertence àqueles que saírem da arquibancada e entrarem na arena, para mudar o que deve ser mudado. E você, está pronto para transformar?
Até a próxima,
Lili e Didi